Papel de carta, calado,
grande amigo confidente
que leva para o outro lado
as linhas que a ausência sente!
Maria-fumaça apita
nos trilhos da minha vida
e a saudade então crepita
na plataforma esquecida.
Quem silencia a verdade
não ouve do amor a voz;
perde a sensibilidade,
ganha a frieza do algoz
Chuvas finas a regar
sedentas flores que imploram,
para os homens vêm mostrar
por que os anjos também choram!
Deixa o lamento de lado,
abre a porta do futuro;
o tempo desperdiçado
é um tijolo a mais no muro.
Lapidando a pedra informe
com paciência e carinho
abre-se um espaço enorme
entre as pedras do caminho!
Felicidade consiste
olhar a vida risonha;
um brilho que não existe
nos olhos de quem não sonha.
Quando a chuva beija o chão
ressequido das queimadas,
as flores em gratidão
choram gotas perfumadas!
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PROGRESSO
Estamos no começo de um indício
que a nova era há muito já nos traz:
um despertar solene para a paz
sem ritual, oficiante e ofício.
Com liberdade à vida nos compraz
eflúvio mais sublime do interstício.
O espírito na esteira de edifício
os mitos vai deixando para trás.
Com a ciência sempre em paralelo
o corolário derruba o castelo,
refúgio dos milênios sem acesso.
Se esta amplitude é a tez da onisciência
as vibrações afloram consistência;
é a lei do AMOR, o cerne do progresso.
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REVERÊNCIA
Cansado de remar contra a corrente
parei para pensar na conseqüência:
Se a todo empenho tinha consciência
por que agia assim tão diferente?
Mesmo sabendo o fim, essa insistência
levava-me ao delírio irreverente.
A dor aos poucos foi tomando a frente
e tudo em mim gritou pela clemência.
Abrindo os olhos para a redenção
saí do barco que me dirigia;
passei a comandar-me na razão...
E na corrente a remo num mergulho
eu vi bem fundo, em cima, um novo dia.
O que me fez sofrer foi meu ORGULHO!!
quinta-feira, 5 de agosto de 2010
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