quinta-feira, 11 de março de 2010

TROVAS/REDONDILHA MENOR/SONETOS

Nossa vida é uma represa
que dá vazão à alegria.
Se fechá-la, com certeza,
transborda-se em agonia.


Coloquei um pedacinho
do coração para fora...
veio você de mansinho...
inteiro levou embora!


Quem desconhece harmonia
tem no coração, latente,
o som da canção sombria
num compasso de poente.


O amor mais puro do mundo
é de uma rima tão fácil...
Singelo, em solo fecundo,
é o ponto da flor mais grácil!


Esperei que refletisses
para mudar teus conceitos...
mas quem reflete tolices
reflete os mesmos defeitos.


Ambições desmesuradas,
conflitos, almas dormentes
__virtudes não cultivas...
valores nobres latentes__


A estrela muito invejosa
apagou-se antes do dia
ao ver a lua na rosa
pelo orvalho que caía...!

A coruja atenciosa,
esquecendo à presa o açoite,
paralisou ante a rosa
que encanta também à noite!!
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ELUCUBRAÇÃO


Igual ao início
de alegre ventura,
eu rogo à ternura
seu dom de sonhar
e assim vem a fada
na alegre brancura...
me envolve em sua aura
qual brisa do mar.

Me ajeito no colo
da ânsia contida;
parece que a vida
descansa no verso
que esparze canções
na pauta medida
da senda dos olhos
à paz do universo.

Num brilho de seda
desliza meu pranto
no abraço do encanto
e a alma enobrece.
As mãos em compasso
das veias, no entanto,
dão claras vidências
nos sons de uma prece.

Palavras vagueiam
e pousam aladas
e os cantos das fadas
me elevam presente
no seio das vestes
das sãs madrugadas
e auroras desnudas
cobrindo o poente.

E assim do remanso
eu faço a poesia
que dá alegoria
à busca do sonho;
me ajeito no colo
da paz que irradia
o brilho nos olhos
e ao riso me ponho!

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F A M A


Porventura o sucesso à sua porta
apontar a emoção da liberdade...
abra os braços ao braço da humildade
com os olhos à luz que lhes comporta.


Lembre a fama que faz uma amizade
com a mente na faina que se aporta;
toda febre de encômio sempre importa
nas invejas do riso em falsidade.


Nos seus passos vigiam suas roupas.
No seu tempo, que as horas já são poucas,
muito espaço que o ego não domina.


Siga em frente consigo no domínio
refletindo na esteira do fascínio
pois calçada de glória tem esquina!
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P O E T A

O poeta, vetor da porcelana,
é o arauto das dores e janelas.
Suas veias, refúgio das procelas;
coração, a ruína da pantana.


Ele é o misto dos olhos sem cancelas
com murmúrios que ouvido não se engana.
E na busca da força sobre-humana
sorve o brilho das auras e aquarelas.


Sonha grande e maior é a plenitude
do caminho perene da altitude
em limite de céu, seu companheiro.


Mente aberta aos meandros das mensagens;
mãos dispostas aos versos das miragens...
Eis o vate das asas hospedeiro!!

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2 comentários:

  1. me sinto completamente orgulhosa por ter conhecido um poeta com tanta sensibilidade e poder conhecer seu trabalho
    Parabens,mais uma vez

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  2. Dáguima Verônica de Oliveira17 de março de 2010 às 04:01

    João Batista, poeta de estirpe!Cada dia mais admiro, respeito e me encanto com sua poesia...
    Grande abraço nessa alma abençoada por Deus.

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